quinta-feira, 20 de novembro de 2008

DA BOCA, VOGAL

Quando não tiver mais nada – nem chão, nem escada, escudo ou espada – o seu coração acordará.

Quando estiver com tudo: lã, cetim, veludo, espada e escudo... Sua consciência adormecerá.
E acordará no mesmo lugar, do ar até o arterial; no mesmo lar, no mesmo quintal, da alma ao corpo material.

Quando não se tem mais nada, não se perde nada. Escudo ou espada: pode ser o que se for, livre do temor.

Quando se acabou com tudo – espada e escudo, forma e conteúdo – já então agora dá para dar amor. Amor dará, e receberá do ar, pulmão; da lágrima, sal. Amor dará, e receberá, da luz, visão do templo espiral.

Quando se acabou com tudo (espada e escudo, forma e conteúdo), já então agora dá para dar amor. Amor dará, e receberá do braço, mão; da boca, vogal. Amor dará, e receberá da morte o seu guia natal.

(Adeus, dor...)

[NANDO REIS]

terça-feira, 18 de novembro de 2008

OS PENSAMENTOS QUE PREFEREM CALAR

(...de Elisa para João.)

Quando aconteceu? Não sei.
Quando foi que eu deixei de te amar?
Quando a luz do poste não acendeu?
Quando a sorte não mais pôde ganhar?
Não... De longe me disse um não, mas quem vai dizer tchau?

Onde aconteceu? Não sei.
Onde foi que eu deixei de te amar?
Dentro do quarto só estava eu, dormindo antes de você chegar.
Mas, não, não foi ontem que eu disse não...
E quem vai dizer tchau?

A gente não percebe o amor que se perde aos poucos, sem virar carinho.
Guardar lá dentro o amor não impede que ele empedre, mesmo crendo-se infinito.
Tornar o amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém.

Somos, se pudermos ser ainda; fomos donos do que hoje não há mais.
Ouve o que houve, e o que escondem em vão os pensamentos que preferem calar.
Se não, irá nos ferir o não, mas que não quer dizer tchau.

[NANDO REIS]

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

UNE JEUNE FILLES AUX CHEVEUX BLANCS


Je suis à l'age où l'on ne dort nulle part
Les seuls lits dont je rêve sont des quais de gare
J'ai loué un placard pour mes robes d'hiver
J'ai tué les parents

Oh je veux partir sur la seule route où il y a du vent
Je suis la jeune fille aux cheveux blancs

Mon amoureux dit qu'il ne me connaît pas
Il vit loin de tout, il vit trop loin de moi
Sur le plus haut volcan où l'amour est éteint
Il reviendra demain

Oh je veux partir sur la seule route où il y a du vent
Je suis la jeune fille aux cheveux blancs

Oh je veux partir sur la seule route où il y a du vent
Je suis la jeune fille aux cheveux blancs
Je suis la jeune fille aux cheveux blancs
[CAMILLE DALMAIS]

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ELISA EM ESPIRAL

Elisa, mulher feliz, diz a etimologia do nome: Elisa, agraciada por Deus.
Elisa, helicoidal, espiral ascendente, olho de furacão. Que mulher é Elisa?