É precisamente quando ela vai contra sua essência, sua verdade, que ela se estrepa, e joga por terra sua moral ilibada e tudo aquilo pelo que sofreu tanto: quando mente para salvar João no tribunal.
Era seu momento de finalmente falar, de deixar as palavras escoarem, jorrarem de sua boca e seu peito. E ela sucumbe, cede ao seu amor, à sua dependência dele, ao seu medo de se ver sozinha no mundo, sem seu João, seus quatro filhos sem pai; ou com um pai com a honra de seu nome manchada.
Ela troca a sua verdade, a verdade que se espera dela, pela honra de seu marido – ao menos, é o que ela imagina.
João apostara todas as fichas nisso: ela era incapaz de mentir, jamais havia mentido na vida. E, no entanto, ela não corresponde ao que o marido espera dela, ao que ele precisa dela. É isto, em última instância: na única vez em que ele realmente precisou dela, ela falhou. Ela falhou irremediavelmente. Falhou com ele antes, como mulher, quando não o quis; e agora como esposa.
Ali Elisa começa a submergir, a afundar, a definhar, a se esvair... Ali ela o trai. E o pior: ela se trai. E qual é a pior? A dele em relação a ela, ou a dela em relação a ela mesma?
PARA AS LACUNAS
Há 12 anos
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