sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

ELISA EM ESPIRAL.

(Ou eu mergulhando em espiral no turbilhão de buscar Elisa...
...ou um pedido de socorro, como garrafas ao mar...
...ou os pensamentos que preferem calar.)




Quem é ela, quem é essa Elisa que me indaga olhando-me nos olhos? Eu me indago, ou eu a indago, ou ela indaga a todos nós: decifra-me ou te devoro, Elisa-esfinge que me desafia do alto de sua castidade. O quanto Elisa está em mim? O quanto de mim está nela, Elisa-espelho? Elisa-elipse que faz a curva onde não se vê, Elisa-eclipse que esconde não sei que parte de mim – não sei que parte minha de mim, não sei que parte minha dela. Elisa lisa ou áspera, seca ou... Não, nunca, nunca Elisa-lágrima, nunca Elisa-pluviométrica; mas sempre métrica, metódica, simétrica.

Que Elisas se escondem por trás do nome – constelação, Elisa-estrela, Elisa-etérea, Elisa-galática, Elisa-elísea? Que elos há entre Elisa, eu-Elisa e eu-eu mesma? Que caminhos tomar para que Elisa possa andar com minhas próprias pernas? Qual o formato do A que Elisa fala, o formato do A com que Elisa fala sua fala em minha boca? Com qual frequência ela-Elisa atinge a freqüência aguda que eu-eu mesma ponho na minha voz de não-Elisa? Qual a frequência com que Elisa-ela me visita nos ensaios? Como posso eu escapar ilesa de Elisa? O quanto de Elisa há em todos nós – Elisa dura, Elisa seca, Elisa cortante como o vento de inverno do entardecer das minhas lembranças; Elisa justa e casta, cascadura, carapaça, caramujo, o quanto visto sua carapuça, sua máscara...?

E que diabos quer Elisa? O desejo de Elisa é feito de quê? E sua fome, com o quê se mata? O que a impulsiona, Elisa-elástico, que arrebenta quando puxado ao seu limite, ao extremo, ao espaço? E quando é que a casa cai? Quando a corda arrebenta? Quando é que seu dique se rompe? E como é quando isso acontece – água em redemoinho descendo pelo ralo, mais nada?

Como chora essa mulher que não chora? Como fala sentindo dor essa mulher fria, que não se impõe e que todos põem num pedestal, num altar? Como fala essa mulher que não fala?

E o que fala essa mulher quando cala?

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