(Ou eu mergulhando em espiral no turbilhão de buscar Elisa...
...ou um pedido de socorro, como garrafas ao mar...
...ou os pensamentos que preferem calar.)
Quem é ela, quem é essa Elisa que me indaga olhando-me nos olhos? Eu me indago, ou eu a indago, ou ela indaga a todos nós: decifra-me ou te devoro, Elisa-esfinge que me desafia do alto de sua castidade. O quanto Elisa está em mim? O quanto de mim está nela, Elisa-espelho? Elisa-elipse que faz a curva onde não se vê, Elisa-eclipse que esconde não sei que parte de mim – não sei que parte minha de mim, não sei que parte minha dela. Elisa lisa ou áspera, seca ou... Não, nunca, nunca Elisa-lágrima, nunca Elisa-pluviométrica; mas sempre métrica, metódica, simétrica.
Que Elisas se escondem por trás do nome – constelação, Elisa-estrela, Elisa-etérea, Elisa-galática, Elisa-elísea? Que elos há entre Elisa, eu-Elisa e eu-eu mesma? Que caminhos tomar para que Elisa possa andar com minhas próprias pernas? Qual o formato do A que Elisa fala, o formato do A com que Elisa fala sua fala em minha boca? Com qual frequência ela-Elisa atinge a freqüência aguda que eu-eu mesma ponho na minha voz de não-Elisa? Qual a frequência com que Elisa-ela me visita nos ensaios? Como posso eu escapar ilesa de Elisa? O quanto de Elisa há em todos nós – Elisa dura, Elisa seca, Elisa cortante como o vento de inverno do entardecer das minhas lembranças; Elisa justa e casta, cascadura, carapaça, caramujo, o quanto visto sua carapuça, sua máscara...?
E que diabos quer Elisa? O desejo de Elisa é feito de quê? E sua fome, com o quê se mata? O que a impulsiona, Elisa-elástico, que arrebenta quando puxado ao seu limite, ao extremo, ao espaço? E quando é que a casa cai? Quando a corda arrebenta? Quando é que seu dique se rompe? E como é quando isso acontece – água em redemoinho descendo pelo ralo, mais nada?
Como chora essa mulher que não chora? Como fala sentindo dor essa mulher fria, que não se impõe e que todos põem num pedestal, num altar? Como fala essa mulher que não fala?
E o que fala essa mulher quando cala?
PARA AS LACUNAS
Há 12 anos
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